Até o final da década de 20 do século passado, mulher não votava. Quase 100 anos depois, o Brasil pode ter uma presidente do sexo feminino, a ministra Dilma Roussef.
Não cabe neste espaço detalhar a trajetória da mulher aqui no Brasil, mas recordemos que na entrada do século passado ainda eram comuns os casamentos arranjados. A mulher não escolhia seu marido.
Mulheres não trabalhavam fora e aquelas que o faziam, ali pelas décadas de 50, 60, não eram bem vistas pela “sociedade”. A mulher séria laborava no lar, para marido e filhos.
Era incomum mulheres em posição de mando dentro de empresas. Quando acontecia, o preconceito sexista falava alto e grosso e atribuía a conquista feminina a algum envolvimento romântico com alguém poderoso.
A mulher não podia ter carreira profissional regular porque era dela somente a atribuição de cuidar da casa e dos filhos. O marido chegava cansado do trabalho e só almejava descansar e ser bajulado.
A década de 60 chegou. Com ela, o feminismo. As mulheres queriam viver plenamente. Nada mais foi como antes. Muita bobagem foi feita. Houve exageros. Voltar ao que era, no entanto, é impossível.
Homens e mulheres ficavam casados a vida toda. Era isso ou suportar o estigma de desquitado. O divórcio, hoje, é realidade. Comum, inclusive, entre crentes. Sempre doloroso, principalmente quando há filhos, tem sido cada vez mais a saída de casamentos sofridos. Sempre acharei mais saudável duas pessoas que não se suportam mais seguirem caminhos diferentes.
Mulheres, hoje, têm suas carreiras profissionais. Grandes empresas multinacionais são conduzidas por mulheres. Mulheres governam países. O casamento não é como era. O homem não é mais o único provedor. Há algum tempo, era comum ouvirmos de alguns homens mais “moderninhos”: “O salário de minha mulher é pra ela comprar as coisas dela. As contas quem paga sou eu”. Esse tempo acabou.
Casais dividem despesas e trabalho. No lar, trabalham os dois. As creches não provocam mais sentimento de culpa nas mulheres. É cada vez mais usual mulheres deixarem para ter filhos depois dos 30 anos, com a vida profissional consolidada.
Este é o século 21 nas grandes metrópoles. Não há sentido em se falar, hoje, em submissão, como muitos ainda defendem a partir de leitura literalista do texto bíblico.
A palavra está mais do que desgastada, mas não há outra: a mensagem bíblica precisa ser contextualizada. Aliás, nunca entendi porque contextualizamos algumas passagens bíblicas e outras, não. Mulheres falam em igrejas (menos naquelas comunidades mais obscurantistas) e há proibição na Bíblia quanto a este ato (1Co 14.33-35). Os intérpretes são quase unânimes em descartar a interpretação literal, no que fazem muito bem. Essa deveria ser a regra.
Mulheres e homens são parceiros. O casamento para se sustentar depende de investimento e disposição do casal. Muito pouca gente mantém-se dentro do matrimônio para dar satisfação a terceiros. Casais permanecem casados quando há amor, respeito, preocupação mútua com o bem-estar e amizade.
As mulheres conquistaram tudo o que havia para ser conquistado. Homens e mulheres são iguais, apesar das gritantes diferenças. E é muito bom que assim seja.
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