Gripe Suína – Vai chegar matando

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Quando a AIDS surgiu foi chamada de Peste Gay. Imaginava-se que só homossexuais a contraíam. Religiosos ignorantes (opa, acho que isso é redundância) diziam ser a AIDS o castigo de Deus para os sodomitas. O tempo passou e os mais esclarecidos, hoje, sabem com alguma segurança as formas de contágio da doença. Digo os mais esclarecidos porque o recém-eleito presidente da África do Sul, Jacob Zuma, acha que uma boa chuveirada depois do rala e rola é suficiente para evitar o contágio. A estupidez está dominando o mundo.
Só é contaminado pela AIDS, hoje em dia, aqueles que se atiram em um grupo de risco. Gente de vida promíscua, usuários de drogas displicentes e aqueles que fazem sexo sem proteção. Se você, solteiro, usa camisinha ou dedica-se aos embates solitários, tem pouca chance de contrair o vírus HIV. Da mesma forma, os casados que, a todo custo, mantêm-se firmes e não papam fora de casa.
A AIDS, pessoalmente, não me preocupa. Uso minha espada com parcimônia e sempre contra a mesma oponente. Tenho orgulho de manter meu fiofó apenas como rota de saída, com todo respeito pelos que têm o estranho prazer de fazê-lo, também, de rota de entrada. Egoísta, entendo que são remotas as chances de eu pegar AIDS. A gripe suína, no entanto, é apavorante e me apavora. No começo do século passado, minha avó perdeu quatro filhos para a gripe espanhola.
A gripe é absolutamente democrática e o contágio pelo ar leva-a ao mundo inteiro. A espanhola matou milhões em época de transporte difícil. A gripe aviária matou milhares e foi contida pelo rigor do combate empreendido pelo governo chinês. A suína eclodiu no México e entrou nos EUA e Canadá. É quase certo que virá para cá. Nossas autoridades não conseguem erradicar o mosquitinho da dengue, imaginem se tiverem de lutar contra invisíveis vírus que se propagam pelo ar. Se o vírus desembarcar por aqui, a cada viagem de metrô tombarão dezenas. Não sei se por estar desempregado ando meio pessimista, mas acredito que a influenza porcina vai dar o que falar. E vai matar.

Primeiro, morrerão os mais próximos aos chiqueiros

Noventa por cento de chance de sobrevivência. Queria ver a ministra Dilma ter as mesmas chances caso possuísse o mesmo seguro de assistência médica que eu: Golden SUS.
O que assusta não é a certeza de que gripe A vai desembarcar em nosso protegido território brasileiro, mas a de que nossos governantes continuarão inertes frente às necessidades de um investimento sério no sistema de saúde pública, independente da pandemia que se apresente. O que assusta de verdade é saber o tipo de “medicina” que nós, que não estamos na Casa Civil, disporemos. O coágulo está de um lado, e os médicos operam do outro. Interna-se a mãe e ganha-se uma estranha para levar para casa e cuidar. Imagine essas mentes brilhantes diagnosticando uma variação do influenza H1N1.
Cedo ou tarde, a humanidade será dizimada. Ira de Deus? Não, mas o cumprimento de sua Palavra no abrir dos selos, no tocar das trombetas e no derramamento das taças do Apocalipse que, certamente, tragarão primeiramente os desfavorecidos.


Utahy Caetano
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Marcelo Belchior
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